A glutamina é o aminoácido livre mais abundante no plasma sanguíneo e no tecido muscular. É considerada um aminoácido não essencial, já que pode ser sintetizada pelo organismo a partir de outros aminoácidos como o ácido glutâmico, a isoleucina e a valina. Porém, considera-se a glutamina como condicionalmente essencial em situações específicas, como na prática de exercícios intensos, em treinamentos com peso, ou em doenças e situações de estresse metabólico onde ocorre comprometimento do sistema imunológico.
Alguns estudos demonstram que a glutamina é o principal combustível para as células do sistema imunológico e que seu consumo pode minimizar a quebra do tecido muscular e melhorar o metabolismo proteico. É comum o uso do suplemento de glutamina para pacientes que sofreram algum estresse ou trauma físico, como acidentes ou queimaduras, devido a sua excelente capacidade de repor este aminoácido no plasma.
Além do sistema imunológico, a glutamina é o principal substrato energético para as células intestinais (enterócitos), ajudando a manter a saúde e bom funcionamento do intestino.
A L-glutamina em sua forma livre é o suplemento alimentar mais encontrado e consumido no mercado de suplementação. Sua ingestão diária varia de 5g a 10g e pode ser feita em diferentes horários, de acordo com objetivo de cada indivíduo ou da indicação prescrita pelo médico ou nutricionista.
A ingestão de 3g a 6g de l-glutamina em jejum, na parte da manhã é uma excelente estratégia para evitar o catabolismo (perda de massa muscular), já que nosso organismo vem de um período de repouso de pelo menos 6 a 8 horas sem nenhum tipo de nutriente. Além disso, a l-glutamina possui cerca de 50% de sua absorção nas células do intestino, servindo como um importante substrato para o fortalecimento intestinal e melhora da absorção dos demais substratos provenientes da alimentação.
O uso mais comum da glutamina é após as sessões de treinamento físico. Alguns estudos com atletas de endurance (maratonistas, remadores e ultramaratonistas), mostraram que o consumo de uma dose de 5g de glutamina com água, após competições e treinamentos intensos, foi fator decisivo para diminuir a incidência de doenças respiratórias nos dias posteriores as provas. Isto ocorre, pois, a glutamina tem papel importante na diminuição dos níveis de cortisol, hormônio do estresse que gera catabolismo (perda de massa muscular) e prejudica o sistema imunológico, quando produzido em excesso.
Outra forma muito utilizada no consumo de glutamina é antes de dormir, já que no período de repouso nosso organismo está mais susceptível a síntese proteica e recuperação muscular. O consumo de 5g de glutamina parece afetar a produção do hormônio do crescimento (GH), já que parte de seu consumo pode ser convertido no intestino em citrulina, importante substrato para síntese (formação) de arginina, aminoácido ligado diretamente a um aumento na produção de GH.
É comum escutar que a glutamina exerce importante papel no metabolismo da glicose e na ressíntese (refaz a produção) de glicogênio muscular, que são as principais reservar de energia do músculo. Isto ocorre, pois, a glutamina atua como um dos principais precursores da gliconeogênese, ciclo de conversão de um substrato (lactato, piruvato, glicerol e aminoácidos) para produção da glicose. Isto explica um pouco como nosso corpo produz energia quando não há carboidratos e reservas energéticas disponíveis para consumo.
Mas não se assuste, o consumo de glutamina não acarretará em ganho de peso e acumulo de gordura corporal, mesmo porque, o consumo de suplementos de glutamina é feito em doses pequenas, que variam de 5 a 10g do produto, muitas vezes divididas em uma ou duas vezes ao dia. Cada grama de proteína fornece apenas 4kcal, se levarmos isso em conta, o consumo de glutamina diário forneceria somente 20 a 40Kcal, um valor calórico muito baixo e insuficiente para engordar.